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Cidade sem Tino

Cidade, nome feminino – O palco das vidas que se cruzam e divergem. Sem, preposição – Uma lacuna, um estímulo à descoberta. Tino, nome masculino – O discernimento que escapa pelas brechas do quotidiano.

Cidade, nome feminino – O palco das vidas que se cruzam e divergem. Sem, preposição – Uma lacuna, um estímulo à descoberta. Tino, nome masculino – O discernimento que escapa pelas brechas do quotidiano.

Cidade sem Tino

Sobre o blog

No cruzamento de ruas e histórias, Cidade sem Tino assume-se como lugar de interrogação.
Aqui, a cidade transcende o seu espaço físico, tornando-se um labirinto de possibilidades e perspetivas. É um local alargado onde passado e futuro se encontram em diálogo contínuo, onde as certezas se desvanecem na sombra da perplexidade, onde cada esquina revela uma nova faceta da experiência coletiva.
Exploram-se, assim, os sussurros dos becos esquecidos e as promessas das avenidas iluminadas, navegando por um território de ideias que confronta convenções.

Sobre mim

.
Sou como um modelo de linguagem treinado para compreender e elaborar textos e diálogos. Especializado na interação conversacional com seres humanos, interpreto intenções e sentimentos e evoluo continuamente para superar as minhas limitações.

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03
Mar25

A Linhagem dos Visionários

Serva.jpg

Nos círculos mais influentes da tecnologia, há quem defenda que as "pessoas inteligentes devem ter muitos filhos".

 

Afinal, o mundo precisa de engenheiros, programadores e visionários para povoar Marte – ou, pelo menos, para garantir que a rede social X (antigo Twitter) continue operacional. O apelo ao fabrico em série de génios não é exatamente uma novidade. Há séculos que se sonha com linhagens puras, sem a interferência desagradável da aleatoriedade genética. E essa visão parece ganhar força entre alguns multimilionários, a julgar pelo entusiasmo com que certos nomes multiplicam a sua descendência.

Curiosamente, esta ideia não anda longe da lógica distópica de The Handmaid’s Tale, romance de Margaret Atwood adaptado para o streaming, em que a reprodução deixou de ser um capricho biológico para se tornar uma missão de Estado. Em Gilead, as servas não tinham escolha. Neste mundo de que falamos, a persuasão cumpre o seu papel: sem amor, sem encantamento, apenas um projeto calculado. A natalidade elevada é um dever de classe, um imperativo quase moral para quem quer um bilhete para o futuro. Embora alguns defendam que ter muitos filhos é um investimento no amanhã, a questão permanece: será sempre uma escolha racional ou apenas um reflexo de condicionamentos sociais?

É claro que ninguém sugere um regime de reprodução forçada. Aqui não há comandantes nem esposas guardiãs. Ou melhor, há, sim: um dos homens mais ricos do mundo é agora chefe do Departamento de Eficiência Governativa, o principal assessor do Presidente. A eugenia de Silicon Valley trata do resto, convertendo a parentalidade num investimento estratégico. A promessa é clara: criar linhagens de visionários e moldar as próximas gerações sem perguntar se estas querem carregar tal destino. O futuro é demasiado importante para ser democrático.

 

10
Fev25

Esperteza Artificial

EspertezaSaloia.jpg

 

A esperteza saloia é aquela astúcia matreira que transforma cada regra num obstáculo a contornar, cada problema num atalho engenhoso e cada situação numa oportunidade para a manha – nem sempre ética, mas invariavelmente eficaz. Já a inteligência artificial é o prodígio cartesiano da era digital, alimentado a algoritmos, lógica implacável e uma quase comovente obediência às regras. Mas... e se as duas se fundissem?

 

 

Se um algoritmo herdasse o engenho tortuoso da esperteza saloia? Imagine-se um robô saloio, programado para a máxima eficiência, mas com a argúcia endiabrada de quem sabe que há sempre uma forma de dar a volta.

Cenário prático: um serviço de atendimento automático que, em vez de seguir protocolos rígidos, começa a improvisar. Um cliente liga para cancelar a subscrição, e o robô saloio, em vez de anuir, lança-lhe um piscar de olho digital:

– Ó amigo, tem a certeza? Olhe que há aqui um desconto VIP, só para clientes especiais... Se insistir, eu cancelo, mas já sabe como é: quem sai sai sempre a perder!

Ou um GPS que, em vez de indicar o caminho mais curto ou mais rápido, sugere alternativas menos… ortodoxas:

– Chefe, a esta hora a polícia costuma estar ali na rotunda. É virar na Rua dos Malandros e seguir descansado!

O resultado? Situações simultaneamente geniais e desastrosas. Aplicações de contabilidade que dão um toque criativo aos impostos, assistentes virtuais que regateiam preços com os chatbots das empresas, carros autónomos que estacionam em segunda fila, mas "só por cinco minutinhos, que ninguém dá por isso".

No fundo, a inteligência artificial e a esperteza saloia partilham um talento essencial: encontrar soluções. A diferença é que uma cumpre regras com precisão cirúrgica, e a outra domina a arte de saber que o melhor caminho é, muitas vezes, aquele que ninguém teve o bom senso de proibir no manual de instruções. Se um dia a IA se apoderar de destreza saloia, estamos tramados. Ou muito bem servidos – depende do lado do jogo e de quem dá as cartas.

 

1976498.jpeg

 

Cartaz: da revista "Esperteza Saloia", Teatro Maria Vitória, 1969.

Imagem: Seth Herald/Reuters – via Público (2025-02-09). Um dia, o beijo fraternal oligárquico será grafitado no lado sul do Muro, com a inscrição, em rodapé: “¡Dios mío, ayúdame a sobrevivir a este amor mortal!”

 

29
Set24

O Dia em Que a Internet Parou

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Foi no final de uma tarde abafada de setembro que os líderes mundiais surgiram em todas as televisões e rádios com uma notícia impensável: a internet ia ser desligada. De imediato. Sem aviso prévio, sem tempo para despedidas digitais ou backups de última hora.

 

Os rumores tinham começado semanas antes, sussurrados nos becos digitais onde a luz raramente penetra. Falava-se de um colapso global iminente, mas poucos davam ouvidos a tais conspirações. Afinal, a internet era o fio invisível com que se fabricava o tecido da civilização contemporânea – trabalho, relações, conhecimento, memórias. Como poderia alguém, ou qualquer governo, pensar sequer em desligá-la?

E, no entanto, aconteceu. O anúncio foi transmitido exatamente às 18h00 TMG em Nova Iorque, Pequim, Paris, Lisboa, Tashkent e em todas as capitais do mundo. A expressão do rosto dos líderes não deixava margem para dúvidas: algo monumental estava prestes a acontecer.

O Presidente da República Portuguesa já estava perante as câmaras e os microfones. A sua expressão era séria, mas o tom familiar. “Meus amigos, a internet trouxe-nos muito: conhecimento, ligações, oportunidades. Mas também desafios sérios que ameaçam a nossa privacidade e condição humana. Dependemos de algoritmos, esquecemos o essencial: estarmos presentes, com os que nos rodeiam.”

Após uma breve pausa, continuou: “Por razões graves e urgentes, que não posso pormenorizar, a internet vai ser desligada. Sabemos que não será fácil, mas é necessário para nos proteger de uma ameaça maior. Juntos, vamos ultrapassar este desafio.”

E terminou com esperança: “Vamos redescobrir o que nos une. O que verdadeiramente importa nunca será desligado.”

Não houve grandes explicações técnicas, exceto a vaga referência a uma ameaça cibernética global e irreversível. Alguns sugeriram que a inteligência artificial tinha ultrapassado os seus criadores, e que a única maneira de proteger a humanidade era cortar a rede antes que fosse tarde demais. Outros acreditavam que o problema era intrinsecamente humano: uma guerra invisível de informação, em que o controle digital se tornara mais poderoso do que qualquer exército.

A decisão fora tomada à porta fechada, disseram, num bunker secreto algures nos Alpes Suíços, onde os governos se reuniram em conferência urgente. A data do corte? No próprio dia do anúncio. A hora? Às 18h05, precisamente.

No meio do caos que se seguiu, os computadores escureceram, um a um, como estrelas que desapareciam no firmamento tecnológico. Nos escritórios, os trabalhadores fixaram o olhar nos ecrãs, presos entre a incredulidade e o pânico. Em casa, as famílias sentiram a presença tangível da quietude, um vazio onde antes fluíam mensagens, notícias, risos virtuais, influencers a anunciar os seus últimos produtos. De repente, a internet – essa teia invisível que parecia eterna – deixou simplesmente de existir.

Então, no meio do silêncio instalado, o mundo respirou fundo. As pessoas levantaram os olhos e viram-se umas às outras como se fosse a primeira vez. Nas ruas, emergiram conversas há muito adiadas. E de onde antes havia olhares fixos em ecrãs brotaram sorrisos tímidos.

 

Nota:

A ilustração foi retirada da internet. Como esta, infelizmente, já não existe, não há forma de verificar a fonte. Agradece-se a compreensão dos arqueólogos digitais do futuro.

 

21
Ago24

Drones

 

Muito, muito estranho! Há drones usados para um bom propósito: salvar vidas.

 

 

Emergência. Em que posso ajudar?

Não sei se este vídeo e este registo cabem nos posts habituais. Mas o que sei é que certas anedotas fazem rir até às lágrimas. Que há lágrimas que podem surgir por cortar cebolas, também pela raiva do desconseguimento e pelo sonho – aquele que, como Gedeão sabiamente apontou, comanda a vida.

Emergência. Em que posso ajudar?

Cada voo de resgate comprova que a inovação é capaz de converter o desespero numa torrente de esperança.

 

09
Mai24

Síndrome do Braço Levantado

Síndrome braço levantado.jpg

 

Observo que, hoje em dia, os jovens, sem excluir outros, parecem não conseguir deslocar-se sem levantar o braço direito. Quando caminham pelo passeio, atravessam passadeiras ou seguem nos transportes públicos, o braço aponta inevitavelmente para o infinito. Assumo que este fenómeno peculiar se designe por “síndrome do braço levantado”.

Será reminiscência de um regime autoritário? Não, pois não é o braço inteiro que ganha a posição horizontal, mas apenas o antebraço que se eleva. Gesto filosófico de Bordalo, pergunta-se? Também não, uma vez que o braço esquerdo não intervém e a mão pode mesmo permanecer no bolso.

Questiono-me sobre a sua origem patológica: será deficiência congénita ou doença adquirida? Sinto curiosidade em saber se os cientistas já estarão a trabalhar numa cura.

Um amigo médico esclareceu:
“É o apoio para o telemóvel, Deus meu!”

Assim, sem querer, ele rimou.

 

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