É importante começar por dizer que o título deste post corresponde ao slogan de uma campanha de marketing encontrada na internet.
Tal slogan tem uma amplitude emocional e temática que pode suscitar as mais diversas interpretações. Poderá ser usado para encorajar vítimas de violência doméstica a denunciarem o abuso e pedirem apoio. Também poderá dirigir-se a pessoas socialmente isoladas, entre as quais o silêncio e o sofrimento não raramente prevalecem. Poderá servir, por outro lado, como chamada de atenção para a saúde mental nos locais de trabalho, particularmente em situações de sobrecarga, assédio ou represálias.
Contudo, o slogan “não sofra mais em silêncio” surge acima da foto de uma jovem mulher sentada na sanita; ela parece estar desconfortável ou com dores, segurando a barriga com expressão preocupada. Veste uma camisa de ganga, as calças baixadas pelos joelhos. A cena capta um momento de embaraço, de vulnerabilidade, ilustrando uma condição comum, mas frequentemente estigmatizada.
Trata-se, de facto, do anúncio de um louvável fármaco destinado a curar a doença hemorroidária ou minimizar os seus efeitos. O anúncio subentende a importância de abordar abertamente problemas de saúde que tantas vezes são mantidos em silêncio. A evidência do desconforto humaniza a condição da jovem mulher retratada e apela à empatia do observador.
Tivesse Mestre Almada pensado em tão eloquente slogan, quem sabe teria introduzido no seu Manifesto uma irónica, mordaz e panfletária variação:
Não Sofra Mais em Silêncio e por Extenso
Basta, pum, basta!
Uma geração que consente em deixar-se representar pelo ruído não merece silêncio!
Abaixo a geração!
Pim-pam-pum. Pum-pum-pum: o Dantas é a meta dos que não se silenciam!
Morra o Dantas! Pim!