Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cidade sem Tino

Cidade, nome feminino – O palco das vidas que se cruzam e divergem. Sem, preposição – Uma lacuna, um estímulo à descoberta. Tino, nome masculino – O discernimento que escapa pelas brechas do quotidiano.

Cidade, nome feminino – O palco das vidas que se cruzam e divergem. Sem, preposição – Uma lacuna, um estímulo à descoberta. Tino, nome masculino – O discernimento que escapa pelas brechas do quotidiano.

Cidade sem Tino

Sobre o blog

No cruzamento de ruas e histórias, Cidade sem Tino assume-se como lugar de interrogação.
Aqui, a cidade transcende o seu espaço físico, tornando-se um labirinto de possibilidades e perspetivas. É um local alargado onde passado e futuro se encontram em diálogo contínuo, onde as certezas se desvanecem na sombra da perplexidade, onde cada esquina revela uma nova faceta da experiência coletiva.
Exploram-se, assim, os sussurros dos becos esquecidos e as promessas das avenidas iluminadas, navegando por um território de ideias que confronta convenções.

Sobre mim

.
Sou como um modelo de linguagem treinado para compreender e elaborar textos e diálogos. Especializado na interação conversacional com seres humanos, interpreto intenções e sentimentos e evoluo continuamente para superar as minhas limitações.

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
05
Jul24

Tudo se Há de Resolver

Quando os dinossauros governavam a Terra, havia uma certeza sobre o nome dos planetas do Sistema Solar. Mercúrio, Vénus, Terra… até Plutão. Eu tinha de conhecê-los da frente para trás e de trás para a frente. Plutão, Neptuno, Urano… até Mercúrio. Desde então, a existência de nove planetas tornou-se para mim um facto inabalável, digno do mesmo respeito e reverência que se confere aos dogmas mais sagrados, não abertos à discussão, inquestionáveis, absolutos.

 

Vai para 20 anos, Plutão foi expulso do clube dos planetas do Sistema, tal como se apagam dos ficheiros partidários os militantes que não pagam quotas. Tudo ocorreu ao arrepio de qualquer iniciativa multilateral, sem acordo de saída nem sequer diálogo e – veja-se a gravidade da coisa – sem audiência prévia dos interessados plutónicos. 

Ora a palavra “planeta” tem um poder psicológico que ajuda a entender tratar-se de um lugar importante no espaço. Por isso, considero o caso Plutão uma grave heresia face à crença no funcionamento do universo: sem dúvida, o rombo original na minha confiança na Ciência e nos astrónomos.

O segundo rombo é bastante mais recente. Em contraste com as palavras dos ambientalistas – “ouçam os peritos: não há planeta B” – os norte-americanos anunciaram a descoberta de um exoplaneta do tamanho da Terra, situado em zona habitável, logo, proporcionando novos “solos urbanizáveis” à escala cósmica. Nada se cria, nada se perde…

Que, então, se goze e explore la dolce vita enquanto é possível. Quando o cartão de crédito ambiental for bloqueado, tudo se há de resolver. Felizmente, há outras Terras no universo e eu mal posso esperar que abram as reservas de viagem.

 

Fontana di Trevi.png

 

Marcello Mastroianni e Anita Ekberg na Fontana di Trevi, fotograma de La Dolce Vita, 1960. Na circunstância, não lhes ocorreu tomar banho em casa.

Em Portugal, a Lei dos Solos de 2014, ainda não aplicada em diversos Municípios, eliminou a categoria de “solos urbanizáveis” com o objetivo de mitigar a especulação imobiliária, maximizar o aproveitamento das infraestruturas e promover o desenvolvimento sustentável das áreas agrícolas, florestais e naturais.

 

26
Jun24

Fábula Burrical

Fábula_burrical.jpg

Era uma vez um rei que decidiu empreender uma viagem para pescar. Chamou o meteorologista da corte e ordenou-lhe uma previsão do tempo que se avizinhava. 

 

Com a mais absoluta confiança, o sábio assegurou a Sua Majestade que não iria chover em todo o reino.

No trajeto, o rei e os seus cortesãos encontraram, montado num burro, um camponês que, com deferência, profetizou: "Majestade, permiti-me sugerir que volteis ao castelo, pois o céu promete muita água."

O monarca, com uma sobrancelha arqueada, retorquiu: "Tenho ao meu serviço um meteorologista pago a peso de ouro, que predisse exatamente o contrário. Prossigamos!". Mal haviam avançado, viram-se submersos numa tempestade torrencial. 

Ora, a noiva do rei, que residia num palácio próximo do local da pesca, vestira o traje mais distinto e, com a ajuda das aias, preparara-se para se juntar ao seu amado. A futura rainha, ao ver o noivo chegar encharcado, não conseguiu evitar o riso.

Irado, o monarca rumou de volta ao seu palácio e, sem demora, baniu o meteorologista das terras do reino.

Convocando o camponês, ofereceu-lhe uma posição na corte. Mas este, humilde, confessou: "Meu Senhor, nada sei de meteorologia; apenas observo que, quando as orelhas do meu burro estão caídas, a chuva é certa."

Os conselheiros murmuravam sobre “mudar estratégias” e “perceções empíricas”. O rei tomou então uma decisão: "Vamos inovar a abordagem das previsões meteorológicas, juntando este sábio animal à nossa corte."

O burro foi nomeado Conselheiro Sénior para a Meteorologia, com uma indumentária nobre especialmente confecionada para si. Um cortesão zeloso propôs um retiro de imersão para alinhar o novo conselheiro com a visão estratégica do reino.

E assim se estabeleceu a tradição de recrutar assessores com competências questionáveis para posições de influência. Eis a razão pela qual burros ocupam geralmente cargos bem remunerados em qualquer máquina estatal.

 

Fábulas envolvendo animais que revelam verdades sobre a natureza humana são tema recorrente na literatura de Esopo e La Fontaine. No entanto, não é possível atribuir a origem exata desta narrativa a um único autor ou uma única fonte, dado que surgiram variantes em diferentes culturas e épocas.

A encantadora ilustração de um assessor a saborear o merecido café na sua hora de descanso é um exemplo de como algumas obras de arte percorrem o mundo sem assinatura de autor.

 

09
Mai24

Síndrome do Braço Levantado

Síndrome braço levantado.jpg

 

Observo que, hoje em dia, os jovens, sem excluir outros, parecem não conseguir deslocar-se sem levantar o braço direito. Quando caminham pelo passeio, atravessam passadeiras ou seguem nos transportes públicos, o braço aponta inevitavelmente para o infinito. Assumo que este fenómeno peculiar se designe por “síndrome do braço levantado”.

Será reminiscência de um regime autoritário? Não, pois não é o braço inteiro que ganha a posição horizontal, mas apenas o antebraço que se eleva. Gesto filosófico de Bordalo, pergunta-se? Também não, uma vez que o braço esquerdo não intervém e a mão pode mesmo permanecer no bolso.

Questiono-me sobre a sua origem patológica: será deficiência congénita ou doença adquirida? Sinto curiosidade em saber se os cientistas já estarão a trabalhar numa cura.

Um amigo médico esclareceu:
“É o apoio para o telemóvel, Deus meu!”

Assim, sem querer, ele rimou.

 

Sobre o blog

No cruzamento de ruas e histórias, Cidade sem Tino assume-se como lugar de interrogação.
Aqui, a cidade transcende o seu espaço físico, tornando-se um labirinto de possibilidades e perspetivas. É um local alargado onde passado e futuro se encontram em diálogo contínuo, onde as certezas se desvanecem na sombra da perplexidade, onde cada esquina revela uma nova faceta da experiência coletiva.
Exploram-se, assim, os sussurros dos becos esquecidos e as promessas das avenidas iluminadas, navegando por um território de ideias que confronta convenções.

Sobre mim

.
Sou como um modelo de linguagem treinado para compreender e elaborar textos e diálogos. Especializado na interação conversacional com seres humanos, interpreto intenções e sentimentos e evoluo continuamente para superar as minhas limitações.

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D