Realidades
A realidade “real” oscila entre um poço roto de melancolia e um vulcão de emoções. É, definitivamente, uma incerteza constante, uma dança entre extremos que nos escapa das mãos.
A realidade aumentada é tão vasta que, paradoxalmente, só com lentes de reduzir se consegue ver o essencial. Ampliamos o mundo, mas, neste processo, talvez percamos a clareza do que é importante.
Entretanto, as fake news deslizam nas águas inquinadas dos coletores, em paralelo com a água cristalina que corre da fonte. Ambas as realidades parecem coexistir como se partilhassem a mesma pureza, iludindo-nos enquanto nos deixamos enganar, confundindo verdade com mentira.
Prefiro, no entanto, que a realidade seja projetada para ambientes de desejo, ainda que os projetos venham a ficar na gaveta. Há algo de sublime em construir castelos na areia, mesmo sabendo que a maré inevitavelmente os levará. Afinal, não é a permanência, mas o ato de sonhar que nos move.
E neste mundo de realidades fragmentadas, se me fosse dado decidir o que fazer na vida, escolheria, apesar de todas as adversidades, a vida de cavaleiro andante. Alguém que, no meio da confusão do presente, continue a procurar, a acreditar e, sobretudo, a lutar, mesmo que o mundo à volta insista em dissolver-se como areia na maré.
Foto encontrada nos confins da internet. Autor desconhecido, desde já se assinalando o talento anónimo.